Nos municípios
com a maior queda no Ideb, prefeitos multiplicaram patrimônios
Não é apenas o péssimo desempenho de alguns municípios brasileiros nas
últimas avaliações sobre a qualidade do ensino médio que envergonha os
brasileiros. Um cruzamento feito pelo Jornal Correio Braziliense comparando os
dados do Ministério da Educação (MEC) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
mostra que, em boa parte deles, enquanto o ensino público despencou, o
patrimônio dos prefeitos — boa parte deles de olho na reeleição — ascendeu. E
não são números isolados: das 30 cidades onde o Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica (Ideb) registrou as maiores quedas, comparando-se os resultados de 2011
com os de 2009, em 20 delas os prefeitos ou vice-prefeitos foram
candidatos nas eleições 2012.
Em 14 desses municípios, os políticos aumentaram os respectivos
patrimônios. “O Congresso Nacional precisa aprovar uma lei de responsabilidade
educacional para evitar a má aplicação dos recursos e punir os gestores que não
cumprirem as metas”, defendeu o professor da Faculdade de Educação da
Universidade de Brasília (UnB) Célio da Cunha.
As histórias absurdas se multiplicam, como os recursos nas contas
bancárias dos administradores públicos. Com 14 mil habitantes e distante 446km
de Salvador, Glória (BA) foi reprovada na avaliação de qualidade do ensino
medido pelo MEC. O município, que se orgulha das festas populares locais, faz
parte da lista de mais de 900 cidades brasileiras que viram piorar o desempenho
dos alunos da rede municipal no ensino fundamental. Mas, na contramão da
qualidade educacional, os moradores também viram o fenômeno da multiplicação do
patrimônio da prefeita, Ena Vilma Pereira Negromonte (PP), mulher do
ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA).
Publicado no Jornal Correio Braziliense em 27/08/2012
Publicado no Jornal Correio Braziliense em 27/08/2012