segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Nos municípios com a maior queda no Ideb, prefeitos multiplicaram patrimônios

Não é apenas o péssimo desempenho de alguns municípios brasileiros nas últimas avaliações sobre a qualidade do ensino médio que envergonha os brasileiros. Um cruzamento feito pelo Jornal Correio Braziliense comparando os dados do Ministério da Educação (MEC) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que, em boa parte deles, enquanto o ensino público despencou, o patrimônio dos prefeitos — boa parte deles de olho na reeleição — ascendeu. E não são números isolados: das 30 cidades onde o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) registrou as maiores quedas, comparando-se os resultados de 2011 com os de 2009, em 20 delas os  prefeitos ou vice-prefeitos foram candidatos nas eleições 2012.
Em 14 desses municípios, os políticos aumentaram os respectivos patrimônios. “O Congresso Nacional precisa aprovar uma lei de responsabilidade educacional para evitar a má aplicação dos recursos e punir os gestores que não cumprirem as metas”, defendeu o professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Célio da Cunha.
As histórias absurdas se multiplicam, como os recursos nas contas bancárias dos administradores públicos. Com 14 mil habitantes e distante 446km de Salvador, Glória (BA) foi reprovada na avaliação de qualidade do ensino medido pelo MEC. O município, que se orgulha das festas populares locais, faz parte da lista de mais de 900 cidades brasileiras que viram piorar o desempenho dos alunos da rede municipal no ensino fundamental. Mas, na contramão da qualidade educacional, os moradores também viram o fenômeno da multiplicação do patrimônio da prefeita, Ena Vilma Pereira Negromonte (PP), mulher do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA).

Publicado no  Jornal Correio Braziliense em 27/08/2012